segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Quo vadis, PS?

Por Rui Sá no «JN»
Estas eleições tiveram o mérito de destruir (será que foi de vez?) uma falsidade que inquinava o processo eleitoral democrático: o de que as eleições legislativas "elegiam" o primeiro-ministro.
De facto, e mesmo sem se saber como isto vai terminar, fica claro que nas legislativas se elegem deputados e estes, de acordo com os resultados, é que têm a responsabilidade de ratificar, ou não, o primeiro-ministro indigitado pelo presidente da República.
Perante este facto a Direita, mas também alguns do PS, insistem na mentira, na esperança de que, sendo esta repetida mil vezes, se transforme em verdade. Daí a invenção de que quem "fica à frente" deve governar, dando mais importância a esse facto do que à vontade democraticamente expressa, dado que a maioria dos eleitores optou por não caucionar maioritariamente os que "ficaram à frente". Não tardará muito e proporão, tal como acontece na Grécia, um bónus de mais uns quantos deputados àqueles que ficam em primeiro lugar, de forma a, artificialmente, garantirem maiorias absolutas quando o povo não as deseja atribuir (ao mesmo tempo que declaram, com pompa e circunstância, que "o povo tem sempre razão"...).

Sejamos sérios: o próximo primeiro-ministro de Portugal será quem os deputados que elegemos no passado dia 4 quiserem! Independentemente da vontade de Cavaco Silva (uma das coisas boas dos tempos correntes é que já falta pouco para o final do seu mandato!)...
Este facto coloca em cima da mesa um dado fundamental: a CDU, pondo de lado as suas profundas divergências com o programa e a prática do PS, ao mesmo tempo que anunciou uma moção de rejeição a um eventual Governo da Direita, manifestou a sua disponibilidade para viabilizar um Governo do PS (no que é acompanhado pelo BE). Tal como em 1986 quando, perante uma segunda volta das presidenciais entre Freitas do Amaral e Soares, os comunistas votaram em Soares porque consideraram crucial, naquele momento histórico, impedir a eleição do candidato da Direita.
Com esta atitude, os comunistas, não estando isentos de riscos (o seu eleitorado pensar que, afinal, o "PS não é tão mau como parece") sabem, mais uma vez, interpretar o momento histórico do país e optar pelo essencial. Dando uma bofetada de pelica àqueles socialistas que, ao jeito de Calimero, afirmam que o PS se encosta à Direita porque é empurrado pela Esquerda...
Perante isto, quo vadis, PS?
Sejamos sérios: o próximo primeiro-ministro de Portugal será quem os deputados que elegemos no passado dia 4 quiserem! Independentemente da vontade de Cavaco Silva

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