sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Reconheça-se o «sucesso» do Governo!

Por Carlos Gonçalves, no jornal «Avante!»

Há que reconhecê-lo, o Governo conseguiu um «sucesso» significativo. Não um sucesso em «questões menores», como o desenvolvimento sócio-económico, a solução dos défices estruturais, do desemprego ou da pobreza, o avanço nos direitos sociais, ou o fim da exploração. Não um êxito «passadista» de cumprir a Lei fundamental e os valores de Abril, de progredir na democracia económica, social, cultural e política, ou de assumir o dever da soberania, de decidir os destinos do povo e da Pátria. Mas um «sucesso» «moderno», um êxito superior aos que atingira em equipe (PSD/CDS/PS/PR) – como a reconstituição do domínio do capital monopolista e a sua fusão com o Estado, ou a violenta regressão na distribuição de riqueza, a favor dos grandes senhores do dinheiro.
Um «sucesso» ao nível do anterior governo PS e da sua «Central» de contra-informação, mistificação mediática e marketing político, então comandada por Sócrates e hoje de comando conjunto, até ver, de Portas e Passos, onde se juntam «criativos» e «comunicadores», «analistas de informação», assessores e pseudo jornalistas, com a tarefa de ocultar a realidade, inventar factos políticos, «sondagens», intriga e manipulação de massas. Um «sucesso» que é um verdadeiro «record» – este Governo é capaz de gerir, em simultâneo, um maior número de manobras de ocultação, mistificação e manipulação.
A «ordem de operações» é esconder o essencial – regressão social, desemprego, emigração forçada, pobreza, exploração, «círculo vicioso» da estagnação-recessão, «armadilha da dívida» e perda de soberania. Os instrumentos são recorrentes mas eficazes – mistificação estatística do «milagre económico» e da «saída da troika», até que a «lavagem ao cérebro» das vítimas lhes faça repetir que a «realidade se engana», temas «fracturantes» como o «referendo à coadopção», e de novo o inesgotável filão das «presidenciais», mais a chicana de politiquices com o PS, para cá e para lá, sem que ambos saiam de onde estão, no acordo implícito de alternância e explícito na política de direita.

Mas o «sucesso» no número de mistificações, nem por isso as torna reais. O esclarecimento persiste e a luta continua, por uma nova política, patriótica e de esquerda, e de verdade.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

As desigualdades sociais do capitalismo

Morreram 6,6 milhões de crianças abaixo dos 5 anos em 2012

Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), estas mortes constituem uma "violação do direito fundamental das crianças à sobrevivência e ao desenvolvimento".

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mais um dado do governismo que anda por aí a dizer que tudo vai bem.

"A Sociedade Francisco Manuel dos Santos SGPS foi a empresa privada que recebeu mais benefícios fiscais relativos ao ano fiscal de 2012, com 79,9 milhões de euros. A empresa só é ultrapassada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), com 118,2 milhões de benefícios, a única entidade da lista publicada pelo Ministério das Finanças que ultrapassa os cem milhões de euros."

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A loucura deste desgoverno no ataque aos rendimentos continua

"Estado obrigado a devolver fatia 'cortada' ilegalmente aos salários"

"O caso foi denunciado pelos sindicatos do setor da saúde mas abrange mais ramos da Função Pública, conta hoje o Jornal de Negócios. Em causa estão os cortes aplicados ao pagamento de trabalho prestado no final de 2013 mas pago só este ano. Acontece que, esclarece a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público, a esse trabalho aplicam-se as regras em vigor à data do mesmo e não as que entraram em vigor em 2014, pelo que os serviços do Estado estão agora obrigados a devolver esse dinheiro."

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Quanto tempo mais será necessário?

Um ano depois do acidente, ainda não está concluído o inquérito do despiste de um autocarro no IC8, junto á Sertã, que matou 11 pessoas. Os advogados lamentam a demora e o presidente do ACP pede a intervenção do ministro da Administração Interna.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Espionagem, mentiras e hipocrisias

Por Carlos Gonçalves, no jornal «Avante!»

Passaram dois meses desde que Passos Coelho – «chefe do Governo» e responsável directo pelo SIRP –, a propósito da espionagem global de milhares de milhões de comunicações electrónicas e contra, pelo menos, 35 «líderes mundiais» (Merkle, Hollande, Dilma Rousseff), afirmou: «não tenho nenhuma indicação específica de que Portugal pudesse ter sido alvo de acções dessa natureza» e «não existe cooperação institucional entre o SIRP e a NSA». Na ocasião, aqui se escreveu que Passos mentia como Sócrates, que também nada sabia sobre o tráfico dos presos da CIA pelo nosso País. E mais se avisou que em breve chegariam provas de operações da NSA em Portugal, na embaixada USA, e em conjunto com o SIRP, incluindo com recurso aos satélites Echelon.
Em Dezembro, o «Expresso» dava notícia das provas de Snowden de que em Portugal opera uma célula do Special Collection Service – de recolha de informação conjunta pela NSA e a CIA – de «âmbito regional» e capaz de aceder a todos as comunicações, incluindo redes e servidores de instituições não estatais.
Questionada sobre a matéria, a embaixada USA não confirmou, mas reconheceu a existência de problemas em tratamento diplomático, isto é, admitiu implicitamente a espionagem. Já este mês, Júlio Pereira, secretário-geral do SIRP, disse na AR que não estava em condições de confirmar ou negar a existência da célula NSA/CIA em Portugal, por «falta de meios técnicos», mas reportou as denúncias de Snowden, admitindo implicitamente a espionagem dos USA.
Pergunta-se – por que continua o Governo a não reconhecer este atentado brutal à soberania nacional e a esbracejar com mentiras e hipocrisias como a de «não haver cooperação com a NSA»? Então e a cooperação entre o SIRP e a CIA e a via diplomática não bastariam para esclarecer e defender os interesses do País, se restasse a esta corja que é Governo um mínimo de dignidade e brio nacional?

A sua hipocrisia pede meças a Obama, que ainda agora disse aos «parceiros mais chegados» que «devem confiar», mas esclareceu – «vamos proteger e sustentar a nossa liderança»(!) Por cá, não esperávamos outra coisa. Mas mais notícias virão sobre a realidade da espionagem da NSA e do SIRP. E a denúncia e a luta vão prosseguir.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Leitura na página de José Goulão no Facebook


                                       O LABORATÓRIO
Há coisas em que a tradição ainda é o que era. Durante muitas décadas, desde o pós-guerra, a Itália foi considerada como uma espécie de laboratório de manobras políticas tendentes a manipular a verdadeira vontade dos eleitores. Uma espécie de tubo de ensaio para receitas que, respeitando formalmente a democracia serviam (e servem) para a deturpar, prejudicando maiorias e beneficiando os interesses de elites.
Fica apenas um exemplo para encurtar conversa: os Estados Unidos da América, através da CIA, impuseram que o Partido Comunista Italiano (PCI) jamais entrasse no governo de Roma, mesmo que fosse maioritário, como chegou a acontecer. A única vez em que os comunistas asseguraram uma maioria governamental, mesmo sem entrar no executivo, isso custou a vida ao primeiro ministro, o democrata cristão Aldo Moro.
A tradição renova-se. Em Itália já não existe Partido Comunista, nem o Partido Socialista, ambos e outros foram amalgamados no chamado Partido Democrático como quando poderosas máquinas se ocupam dos destroços para que tudo fique compactado numa lixeira. 
Quando nasceu, gerado nas cambalhotas com que foram acompanhadas a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, o Partido Democrático olhou-se ao espelho e pretendeu ver o seu homónimo norte-americano. E de facto logo alinhou no colaboracionismo neoliberal, que como uma epidemia varreu todos os partidos socialistas, sociais democratas e aparentados, ditos “a esquerda” oficial. Por isso está hoje coligado com a direita para aplicar as receitas de Bruxelas e da Srª Merkel.
Ao que parece, porém, isso não chega. É preciso regressar ao laboratório. A nova vedeta da política italiana, a par do palhaço Grilo, é Matteo Renzi, presidente da Câmara de Florença, que há mês e meio tomou conta do Partido Democrático com um programa em que avultam o saneamento de dirigentes que ainda vinham do passado e a reforma do país.
Mal aqueceu o lugar, Renzi chamou o expoente da extrema direita Silvio Berlusconi, recém-transformado em cadáver político graças à expulsão do Senado por burlar o Estado, e ressuscitou-o. Na sede do Partido Democrático, ambos cozinharam uma nova lei eleitoral que tresanda a golpe de Estado contra a democracia através da institucionalização do bipartidarismo para que a Itália não fique “sujeita à chantagem dos pequenos partidos”. Registemos que a iniciativa partiu do Partido Democrático e não de Berlusconi, ao contrário do que incautos poderiam pensar.
Através da projectada nova lei eleitoral, o Partido Democrático de Renzi e a Forza Italia de Berlusconi preparam-se para tomar o poder, partilhando-o em alternância ditatorial. A semelhança com o partido único, porque prevalece o sistema de economia neoliberal, é absoluta.
A artimanha da lei é escabrosa: o partido que tiver 35 por cento transforma automaticamente esse pecúlio em 53 a 55 por cento, o necessário para governar com maioria absoluta. Se nenhum chegar aos 35 por cento haverá segunda volta, a disputar apenas pelos dois maiores ou por duas coligações que venham a formar. Claro que o eleitor terá direito a escolher no meio de uma nuvem de partidos, mas se quiser que o seu voto tenha utilidade só optando por um dos dois.
Sabemos que em França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, as coisas já são assim, pratica-se, de facto, o bipartidarismo. Mas em Itália ensaia-se o caminho para o tornar regime institucionalizado. Isto é, doravante quando e onde o “arco da governação” neoliberal correr riscos amanha-se a lei eleitoral para que os riscos desapareçam. E dar-se-á como exemplo a mui democrática “estabilidade italiana”.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

De "candeias às avessas".

Carta aberta ao presidente da JSD e seus compagnons de route

 
Hesitei em decidir a quem me dirigir: não sei quem hoje é o mandante da JSD, nem a quem prestam vassalagem. Assim, terei de me dirigir ao presidente formal da JSD – e a quem deu publicamente a cara por uma das maiores indignidades que se registaram na história parlamentar da República.

Para vocês, que certamente não me conhecem, permitam-me que me apresente: sou militante do PSD, com o n.º 10757. Na JSD onde me filiei aos 16 anos, fui quase tudo: vice-presidente, director do gabinete de estudos, encabecei o conselho nacional, fui quem exerceu funções por mais tempo como presidente da distrital de Lisboa, fui dirigente académico na Faculdade de Direito de Lisboa, eleito com a bandeira da JSD, fui membro da comissão política nacional presidida por Pedro Passos Coelho, de quem, de resto, fui um leal colaborador. Quando saí da JSD, elegeram-me em congresso como vosso militante honorário


domingo, 19 de janeiro de 2014

Para o final de mais um domingo



Um resto de domingo e uma boa semana para todos os visitantes deste blog.

Hoje pode ser dia de cinema (93)


"O Museu do Oriente vai exibir, nos dias 16, 19 e 26 de Janeiro, o documentário Macau, um longe tão perto, de Rui Filipe Torres. A projecção serve para lembrar os 13 anos que passam sobre a transferência de soberania, e 400 após a chegada dos portugueses a Macau."
Mais informação aqui.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Sendo sábado, temos música (192)

(faz hoje 30 anos que Ary dos Santos, poeta do Povo e de Abril, nos deixou)


RETALHOS
Serras, veredas, atalhos,
Estradas e fragas de vento,
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento
Retalhos fundos nos rostos,
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto,
Retalha as caras fechadas
O caminho que seguiste,
Entre gente pobre e rude,
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde
[refrão]
Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão
As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São lágrimas que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste
E depois de tanto mundo,
Retalhado de verdade,
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade
Da que não vem na sebenta,
Daquela que não se ensina,
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina
Tu sabes quanto fizeste,
A miséria não se cura,
Nem mesmo quando lhe deste
A receita da ternura
Bom sábado e boa música.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Hoje na AR o PSD, mostrou ao que anda... na política.



Fica explicado de forma clara, pelo deputado António Filipe, quais os objectivos da aprovação da proposta (nesta data), de um referendo sobre co-adopção por casais homossexuais.


A Revolta da Marinha Grande

Por Pedro Bacelar de Vasconcelos, no jornal «JN»


Completam-se amanhã 80 anos sobre a insurreição dos operários da Marinha Grande que, em 18 de janeiro de 1934, cortaram as comunicações, ocuparam a estação dos Correios, prenderam o destacamento local da Guarda Nacional Republicana e elegeram um "conselho operário" que assumiu o governo da vila.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A nódoa

Por Henrique Custódio, no jornal «Avante!»

A «retoma», o «regresso aos mercados», os «sinais moderados de recuperação», a «descida do desemprego», a «saída da recessão» e a «libertação da troika» constituem o actual argumentário da trupe que nos governa.
Decerto guiados pela ideia de Goebbels – «uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade» –, os vivaços de S. Bento mudaram de novo a agulha e apresentam una visão oposta à que defendiam há um mês – a de que o País estava «à beira de um segundo resgate».
Agora está «a caminho do progresso». Pelo meio, tentam de novo pôr os reformados a pagar o que o TC chumbou há também um mês.
Utilizando umas décimas para cima ou para baixo, fizeram a «multiplicação dos pães» no desemprego (que «desceu»), na recessão (que «acabou»), na crise generalizada que agora «dá sinais moderados de recuperação», na «retoma» que está «de regresso», enquanto a troika passou de «abençoada» a «maldita» e «vamos-nos livrar dela» lá para o meio do ano.
Repetem isto à exaustão, só não dizendo duas coisas simples.
Primeiro, que as décimas nas «comparações homólogas» são pura irrelevância.
Segundo, que as mesmas décimas são uma mentira, poisnada significam perante a volatilidade das previsões e a catástrofe que instalaram no País.
Este Governo é uma fraude monumental em palavras e actos, parafraseando a Contrição católica. Os exemplos são prolixos e chocantes: a troika começou por ser «o programa do Governo» e agora «impõe-nos um protectorado», Portas demite-se «irrevogavelmente» e no dia seguinte regressa como vice-primeiro-ministro, as privatizações seguem a galope e nas costas da AR, Passos Coelho chama «piegas» aos portugueses, exorta-os a emigrar e a sair da «zona de conforto» e hoje, após acumular um desemprego monstruoso, esquece os que emigraram e finge que o desempego «baixou» e etc. Dizem e desdizem conforme lhes dita a sobrevivência, mas sempre prosseguindo o seu «trabalho» de destruição do Estado democrático. Governam despudoradamente para o capital, esmifram apenas os trabalhadores e os reformados com cortes e impostos sempre inconstitucionais, prosseguem a destruição do Ensino, da Saúde e da Segurança Social, agravam todos os dias uma dívida impagável e mentem com a desfaçatez dos vigaristas de feira.
Do outro lado está o projecto político dos senhores da Europa em acabar com as funções sociais do Estado e com quem as defenda constitucionalmente – como nós. Foram obrigados a importá-las da União Soviética após esta esmagar o nazismo alemão, mas a URSS já não existe e o capitalismo tomou de novo o freio, desarticulando o sistema com hiper-especulação, «deslocalizando» a economia e lançando os seus povos no declínio, para, enfim, deslocar o centro de gravidade do capital para os países emergentes. E depois a violência predadora recrudescerá, com novos protagonistas.
É o tempo do mundo voltar a Marx e a Lenine.
Entretanto, Cavaco há-de ser obrigado a «benzinar» a nódoa de S. Bento.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Leituras nos jornais

"Vinte e sete ex-governantes portugueses da era democrática, de ministros dos Negócios Estrangeiros a ministros da Presidência e secretários de Estado, assumem protagonismo nas relações económicas entre Portugal e Angola. "O poder político pôs-se de joelhos perante a elite angolana", resumiu esta terça-feira o jornalista Nicolau Santos, na apresentação do livro Os Donos Angolanos de Portugal, na Fnac Chiado, em Lisboa."

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Gostei de ler

"É sabido como o peso da Indústria no PIB decresceu nas últimas décadas. Em 1985 representava 27,9% do PIB, em 2012, 13,8%. O mais espantoso é que isto era apresentado como um êxito pelos farsantes do costume, era a sociedade do conhecimento e das "novas tecnologias". Agricultura e indústria, atividades tradicionais a serem em geral abandonadas. A grande farra da especulação, do endividamento, das privatizações e da flexibilidade laboral, que trariam crescimento e emprego, fundamentava as ideias propaladas pela gente que levou o país ao descalabro."

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Parabéns Cristiano Ronaldo!



Enfrentar 2014

Por João Frazão, no jornal «Avante!»

O tema de capa da última edição da Visão, «Guia para enfrentar 2014», é, obviamente, oportuno.
A encimar esse Guia a Visão destacou o item «os melhores países para emigrar», expressão que, no interior da revista, aparece com a formulação «os países para onde vale a pena emigrar», lembrando que, «com o desemprego a afectar cerca de 900 mil portugueses, muitos continuam a buscar oportunidades além-fronteiras», e indicando que «Canadá, Austrália ou Noruega podem ser boas opções» para fugir ao drama que ultrapassa largamente aqueles números.
Apesar das notícias de que a retoma já está aí, contrariando o malabarismo dos números da economia a crescer, do desemprego a diminuir, e das exportações a aumentar, negando a falsificação de que os juros da dívida estão a valores de antes da troika e que o país vai regressar aos mercados, ficando assim tudo bem, aí está um mais que necessário guia para enfrentar 2014.
À cautela, dizemos nós (e não o poderia dizer a Visão), para enfrentar 2014 – desmentida que está, pela realidade, esta gigantesca operação ideológica de mentira e mistificação e confirmada a necessidade de continuar a dar combate a esta política e a exigir uma outra política e um outro governo, patrióticos e de esquerda – o que faz falta é uma boa dose de coragem, combatividade, organização e muita confiança.
Coragem face à avalanche de medidas e às suas consequências na vida de cada um.
Combatividade necessária para prosseguir uma luta que é tanto mais exigente quanto, do outro lado, estão não apenas, e nem principalmente, o Governo e a maioria PSD-CDS/PP e os que defendem a política de direita (em que o PS tem sérias responsabilidades), entre o quais está o Presidente da República, como caução deste Governo, mas o próprio capital, que é o beneficiário desta mesma política.
Organização, que é a melhor garantia de que a luta assume objectivos claros e que cada luta, por objectivos concretos, se insere num processo mais vasto que visa não penas dar respostas imediatas a tal ou tal medida mas exigir a ruptura com o rumo de desastre dos últimos anos.

E confiança. Confiança nas nossas forças, confiança nos trabalhadores e no povo, que ao longo na nossa história de quase novos séculos sempre foi capaz de se levantar e defender a nossa pátria.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio (1942-2014)




Hoje, o dia ficou mais cinzento e triste com o anúncio da morte de Eusébio da Silva Ferreira o "Pantera Negra". Partiu o Homem bom, exemplo de dedicação, trabalho, força e talento.
Sempre que se falar de futebol, Eusébio será  recordado como o melhor jogador do seu tempo.

Que descanse em paz. 

sábado, 4 de janeiro de 2014

Sendo sábado, temos música (192)




Com mãos de veludo
Negras como a noite
Tu deste-me tudo
E eu parti
Um homem trabalha
Do outro lado do rio
Com as suas duas mãos
Repara o navio
Está sozinho e triste
Mas tem de aguentar
Já falta tão pouco
Para poder voltar
Vai ficar tudo bem
Isso eu sei
Vai ficar tudo bem
Isso eu sei
quando o sol
Se juntar ao mar
E te voltara beijar
Só mais uma vez, só mais uma vez
Só mais uma vez, só mais esta vez
Com adeus começa
Outro dia igual
Ficou a promessa
Escondida no lençol
Negras como a noite
Vindas de outra terra
As mãos de veludo
Estão á sua espera
Vai ficar tudo bem
Isso eu sei
Vai ficar tudo bem
Isso eu sei
quando o sol
Se juntar ao mar
E te voltara beijar
Só mais uma vez, só mais uma vez
Só mais uma vez, só mais esta vez
Bom sábado e boa música

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Até quando?

O Governo vai alargar a base de incidência da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e aumentar as contribuições dos funcionários públicos para a ADSE como forma de compensar o chumbo do Tribunal Constitucional (TC) aos cortes nas pensões da CGA. As duas medidas anunciadas destinam-se a resolver o buraco orçamental de 388 milhões de euros criado pelo chumbo e não passará pelo aumento de impostos. O Governo propõe-se encontrar uma solução “duradoura” de redução de despesa pública através de uma reforma mais profunda na Segurança Social.

Comentário:
Afinal o Plano B é uma fotocópia já gasta daquilo que tem sido sempre, a política deste desgoverno e do PR que por cá vão andando, sorridentes e mentirosos, a destruir a economia do País e das pessoas empurrando tudo para a miséria. 
ATÉ QUANDO? 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Sorefame

Por Manuel Gouveia, no jornal «Avante!»

Quem circula na CP ou no Metro de Lisboa encontra umas placas que a alguns já pouco dizem: «Produzido na Sorefame». É triste, mas «normal», que haja quem não saiba ou tenha esquecido que em Portugal, até 2004, até há 10 anos, produzíamos material circulante, e que toda a frota do Metro de Lisboa e a maioria da CP Lisboa é «made in Portugal».
Mas importa lembrar. E lembrar tudo. Por exemplo, que em 2005, quando os trabalhadores, o seu sindicato e o seu Partido ainda resistiam à destruição, foram cercados pela polícia de intervenção às ordens de um ministro da Administração Interna recém-empossado chamado António Costa, para possibilitar a retirada de equipamento para o estrangeiro. Ou lembrar como a venda da Sorefame às multinacionais foi apresentada como uma inevitabilidade que levaria à sua modernização e afirmação, e como as multinacionais, assegurado o mercado nacional, a liquidaram sem dó nem piedade. Ou lembrar como as directivas europeias serviam de desculpa para que os sucessivos governos começassem a recusar trabalho à Sorefame e fossem comprando às multinacionais alemãs e francesas, alimentando ainda a dívida externa. Ou lembrar como as tretas ideológicas da livre-concorrência serviram para alargar a Portugal o monopólio das grandes multinacionais. Ou lembrar os milhares de postos de trabalho directos e indirectos destruídos. Ou lembrar como teria sido fácil a um governo patriótico manter a empresa a funcionar, e até fazê-la crescer, bastando para ela canalizar todas as necessidades nacionais de construção de material circulante.
A Sorefame, orgulho da cidade da Amadora e de Portugal, está destruída. Foi destruída pela contra-revolução portuguesa, e só será reconstruída – mesmo que com outro nome, mesmo que noutra cidade – por um novo salto revolucionário. Viverá para sempre nos corações dos seus bravos trabalhadores e dos homens e mulheres que a defenderam com um palavra de ordem que o futuro viria a carregar de razão «A Sorefame faz falta ao País!».

Que o seu exemplo nos dê ainda mais forças para as lutas em defesa dos Estaleiros de Viana e da TAP, cuja privatização e sequente destruição estão na agenda do grande capital para 2014.